MESMICE
 
Portas trancadas
Janelas fechadas
Sonhos jogados
Um a um ao léu
Tenta em vão apanhá-los
Espalhados pelo céu.

Equilíbra-se na ponta dos pés
Estica seus dedos longos
Só o nada consegue alcançar
Perdeu a capacidade de sonhar.

Mantém (ainda) os olhos abertos
Mesmo sem nada enxergar
A visão nublou,
Como um dia invernal
Desfez-se em pranto
Feito um dia de verão.

Numa concha asilou-se
Hermeticamente fechou-se
Por fim juntou-se
As pedras frias do jardim
Numa mesmice que não tem fim.


(Imagem: Lenapena)

 
Lenapena
Enviado por Lenapena em 05/02/2015
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