CORAÇÃO CHEIO DE AMOR
Antonieta Lopes
A gente fica velha e o coração
Continua batendo inquieto,
Fortes ainda as abatidas vão
Tocando alguém - um filho, filha, neto.
Mais velha, mais aumenta a proporção
Dos requerentes mil do nosso afeto,
Todos cabem, amados todos são
Sensíveis alvos desse amor dileto.
E como pode um órgão tão pequeno
Tanta gente caber e tanto amor?
Sem medo, riscos, sem vazão, sem dreno?
Mistério tão sublime e encantador,
Que de jovial ardor o torna pleno,
Que "nova em folha" faz-me até supor.