CHUVA DE VERÃO

 
Gosto dessa chuva a cair pelos beirais
e gosto do canto triste dos pardais.
Eles dizem coisas que não entendo,
mas é uma cantilena que me prende,
e até penso que meu verso entende;
e no sonho dessa poesia eu me prendo...
 
Um sonho de magia e às vezes alado;
que bate asas, mas às vezes fica parado,
palpitando-me uma poesia qualquer;
frases que a minha boca não diz,
mas os dedos escrevem o q’a alma prediz;
murmúrios meus, murmúrios de mulher...
 
Ah! Chuva de verão que cai assim
por caminhos desolados... Ai de mim,
esse rosto branco, de brumas e frio,
por onde passam nuvens estranhas,
sensações, desejos e até manhas,
escondidas numa máscara de arrepio.
 
Talvez um dia alguém entenda
esse meu mistério… A minha contenda...
E até leiam esses meus versos
trazidos pela chuva de verão...
E quando, inerte, ficar meu coração,
saibam que eu escrevi meus reversos...
 
 
 
( Imagem: google)