PULCRA - A SINFONIA DA MULHER
E Deus criou a mulher...
Devagar, Ele modelou
– com as linhas sinuosas e ondulantes
das águas cantantes
dos rios, das cascatas e dos mares –
sua carne amanhecente
de adolescente.
Em sua pele fresca e cetinosa
– como se fosse
fruta madura, sumarenta e saborosa –,
espalhou certa essência misteriosa,
composta de volúpia e desejos.
E a este ser
– o mais lindo animal
que habita a Terra –
de beleza estranha e
graça sem par
concedeu a luz do céu
e o movimento do mar
toda a ardência do deserto
e toda a vida que a Natureza
no seio fecundo encerra.
Seio de curvas audazes,
como quilhas de veleiros,
pondo desejo de viagem
– a mares desconhecidos –
em milhões de marinheiros.
Quando o lindo busto arqueia,
há no gesto que se espraia,
volúpia da água na areia
– na areia encantada
da praia da Ilha das Fadas.
Cabeleira desgrenhada
pelos ventos das paixões,
qual cordame de navio
cingindo corações.
Olhos claros de miragem,
com acenos de palmeiras:
saudades de terna viagem
nas carícias derradeiras.
O fascinante sorriso,
em sua boca formosa,
é como gota de orvalho
na pétala duma rosa.
Tem o calor da vida
e o mistério do filtro do amor,
que flui do mistério da alma.
Terra e Céu se misturam
no êxtase de seu corpo.
Seu corpo...
com curvas moles de duna:
uma luz no deserto
onde busca amor incerto
o bravo soldado da fortuna.
É a verdadeira beleza,
que nasce e renasce
das águas das lendas,
pronta para amar e
dar amor sem tédio algum.
É uma deusa única
que sabe abrigar
o fascínio feminino
e despertar a malícia da serpente.
É uma Vênus de carne
que exsurge
dum mar de espumas e rendas,
para espalhar no mundo
beleza e encanto.