TABLADO INFAME

(PARÁFRASE)

" Je ne livrerai pas ma vie à tes bués"

"Je ne danserai pas sur ton tréteau banal..."

(LECONTE DE LISLE)

Como um torvo animal, vil, poeirento e chapado,

Preso à corrente, uivando em plena soalheira,

Descubra quem quizer o peito ensanguentado,

Na tua feira abjeta, ó plebe carniceira!

Para em vão te acender o olhar bestificado,

Ou mendigar-te o riso e a compaixão grosseira,

Do Pudor quem quizer rasque o manto sagrado,

Transforme a sua Musa em cínica rameira!

No meu orgulho envolto ou meu túmulo ignoto,

Desapareça embora entre os bulcões do Nada,...

Não! jamais saberá - que sofra, odeie ou ame -

O que se passa em mim! Como um palhaço roto,

Expondo a minha vida à tua gargalhada,

Não! jamais dançarei no teu tablado infame!...

1903.

DR. EGAS MONIZ BARRETO DE ARAGÃO (PÉTHION DE VILLAR)
Enviado por Francisco Atila Moniz de Aragão em 01/02/2015
Código do texto: T5122197
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