O MAR ESTÁ COM FOME
Ao meu velho Amigo e Mestre
Dr. Odorico Otávio Odilon
O mar amanheceu de mau humor,
Estranhas ameaças rebusnando;
Babando as praias, cheio de rancor,
Como d'hienas um raivoso bando...
As sobrancelhas franze de negror...
Nuvens lhe vão o dorso escameando;
Desde alta noite que um feral tambor
Anda na treva bárbaro rufando...
Sair não pode o sol... a tempestade
Cedo o prendeu num cárcere de brumas...
Pesada noite céus e terra invade!...
Sobe das onda uma voz sem nome,
Abre-se a guela branca das espumas!...
Homens! fugi!... O mar está com fome!...
1903.