Insônia
O céu brilha azul escuro,
A Dama-da-noite desperta,
No jardim, seu branco alerta
Que os morcegos devem sair...
Uma da manhã,
Os olhos não pesam,
O cansaço não vem,
Música calma para relaxar,
Ainda estou bem...
Duas da manhã,
Redes socias,
Programação chata da madrugada,
Jogos online e mais,
Noite nada agitada...
Três da manhã,
Internet no ar,
Computador ligado,
Música calma ao lado,
Procurando relaxar...
Quatro da manhã,
Os grilos a noite em canção,
O ar mais frio,
O sangue mais quente,
O cansaço batendo lentamente
E o sono ainda não presente...
Cinco da manhã...
Hora nada sutil,
Onde minha armadura caiu...
Onde os fracassos subiram subitamente,
O que me entristecia
me abraçou docemente...
Sozinho na calada da noite
A tristeza tomou minha mente...
Derramei lágrimas de decepção,
Pelo que deu certo e o que não,
Por planos incompreensíveis
Que me forcei a "entender",
Pelo ser que nem sequer me tornei,
Pelo abraço que não dei,
Pelo beijo que não arrisquei,
Pela vergonha que não passei,
Pelo tombo que não tomei,
Os lábios que não toquei,
O sorriso que não causei,
O caminho que não trilhei,
A alma que não acalentei,
O arrepio que não provoquei,
Pela saudade que não senti,
E nem sequer a boa lembrança que deixei...
E também pelos erros cometidos,
Pelos desentendidos,
Pelas ofensas que deixei escapar,
Pela tristeza que causei sem querer
E não consegui me desculpar,
Pela arrogância
E ignorância
Que não faziam parte de mim...
Pela grossa armadura
Sobrecarregada,
Deveras escura
Que me deixou assim...
05:39... Coloquei as mágoas pra fora,
Vesti novamente a armadura,
Branca,
Desta vez reluzente...
Renovada, permanentemente...
Me deitei sobre a cama aliviado,
A noite havia quase passado,
Mas comecei a escrever...
Um poema sobre minha noite,
Um relato que não gostaria
De em outra hora reviver...
Noites pesadas de insônia,
Vagando de Cantuária à Macedônia,
Noites onde eu não desejo mais existir,
Noites onde não posso dormir...
30/01/2014