PINTURA A OLEO

(Marinha)

Contra a rocha que sempre impávida se apruma,

A onda sempre a bater, como um trovão detona;

Sangra o sol moribundo; a montanha se esfuma;

Vem a lua a boiar dos vagalhões à tona.

Do horizonte na escura e formidável zona

Entra, lento, um navio amortalhado em bruma;

A água do mar parece um verde amazona,

Sacudindo na treva o sei cocar de espuma.

As palmeiras têm medo! Ao furibundo açoite

Do nordeste, no azul, vão-se acendendo as brasas

Dos astros, metralhando o veludo da noite.

Uma gaivota a piar, como um lúgubre harfangue,

Lá foge barra fora, abrindo as grandes asas

Que o último olhar do sol mosqueia de ouro e sangue...

1902.

DR. EGAS MONIZ BARRETO DE ARAGÃO (PÉTHION DE VILLAR)
Enviado por Francisco Atila Moniz de Aragão em 31/01/2015
Código do texto: T5120882
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