NA MATA

Quatro horas da manhã: já da bruma o frouxel

Se vai rasgando, pouca a pouco, à luz do dia;

Leve, o polvilho azul dos astros, a granel,

Espalha-se, desmaia, à brisa que esfuzia,

Boceja a mata escura. Ao longe, no cairel

Do abismo de folhage' uma giboia pia;

Inflama-se o oriente, e um mágico pincel

De linda cor de rosa o céu todo irradia.

Fantástico, porém, das aves todo o bando,

Principia a cantar, fugas contrapontando,

Que um meigo sabiá reger calmo parece;

Do sol surge, afinal, a imensa face loira...

Mas eis que a orquestra pára... um tiro bruto estoira.

Silêncio... tudo foge... é o Homem que aparece!

1902 - Alma Brasileira".

DR. EGAS MONIZ BARRETO DE ARAGÃO (PÉTHION DE VILLAR)
Enviado por Francisco Atila Moniz de Aragão em 31/01/2015
Código do texto: T5120826
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