DIES IRAE

A civilização foi um terrível drama.

Fez o Homem mais bruto e a Mulher mais Abjeta;

Quis a morte de Deus e a morte do Poeta

Que expirou como um cisne enviscado na lama.

A alma pagã do Grego, a alma triste do Asceta,

Não os pôde salvar o sangue que derrama

Há séculos na Índia o coração de Brama...

Vamos singrando um cáos, sem bússola e sem meta.

Que fazer? Envergar a blusa de Tolstoi?

Do niilister acender a formidável bomba?

Beijar de Cristo a cruz que carcomida tomba?

Erguer hoje um troféu, que outro amanhã destrói?

Que lúgubre faturo espera, traiçoeiro,

O homem - esse animal - místico e carniceiro?

1900 - "Suprema Epopéia."

DR. EGAS MONIZ BARRETO DE ARAGÃO (PÉTHION DE VILLAR)
Enviado por Francisco Atila Moniz de Aragão em 30/01/2015
Código do texto: T5119450
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