Relicário

Das coisas que eu quero guardar

Deixo no céu aquela estrela

Que te vi apontar.

Deixo o sal do suor seu,

Do mar-céu da boca minha.

Deixo-me a me entregar sua

Na fumaça do cigarro que trago,

No fogo da cachaça que bebo

Embebedando-me de você.

Trago o que não vivemos

Traduzido em poesia,

Gravado na beleza do que não foi.

Deixo, intocável, o cenário

E apenas guardo nesse peito relicário

Pra que não possa ser desfeito

Pelo acaso, pelo ato, pelos fatos:

Esse amor inconcebido, inconsumável,

Incandescente,

Da gente.

Alice Alencar
Enviado por Alice Alencar em 29/01/2015
Reeditado em 29/01/2015
Código do texto: T5118886
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