Cálices de Orvalho e Borboletas Ausentes

Cálices de sereno adocicado

em um amanhecer de luas órfãs

ouvindo Bob Dylan com estrelas

e cubos de gelo na sala de estar;

as tangerinas estão chorando,

meu cão tem nome de artista,

minha bicicleta não usa cadeado

enquanto o sol toma banho no jardim.

Cálices de veneno atormentado

em um amanhecer de flores sãs

ouvindo The Yardbirds com cometas

e pudins de leite no fundo do quintal;

as berinjelas estão de greve,

meu pássaro fala vinte e cinco palavras,

eu navego em um barco de papel

enquanto as marés afogam suas mágoas.

Cálices de um vinho envelhecido

em um amanhecer sem borboletas

ouvindo Cyndi Lauper com mistérios

e manjares turcos na janela do arrebol;

as melancias estão rolando,

minha poesia é pura imaginação,

eu canto o canto mavioso do sabiá

enquanto degusto um naco de inspiração.

Jonas R Sanches
Enviado por Jonas R Sanches em 29/01/2015
Código do texto: T5118131
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