O AUTÓCTONE

"Pa xé tan lan ajuca atupavel!"

(Língua tupi)

Mata virgem. O sol. O sol, teimoso e ardente, em balde,

Como um gavião de fogo, as ramagens belisca;

Num pau d'arco, por entre as flores cor de jalde,

O caboclo vislumbra alva araponga arisca.

Como um topázio vivo um beija-flor corisca,

Muito embora a "cauã" bravia asas desfralde;

E uma casal de "sofrês" beijos num galho arrisca,

Sem que dest'almo idílio o bom selvagem malde...

Súbito, o Índio bem perto ouve espantosa bulha:

Da capoeira, a rugir, salta enorme onça negra,

De pelo de cetim, com manchas d'ouro fosco.

Do brasileiro o sangue indômito borbulha:

Encara a fera, e a rir, - tão bela presa o alegra -

Rapidamente verga o arco, emplumado e tosco.

1900 - "Suprema Epopéia."

DR. EGAS MONIZ BARRETO DE ARAGÃO (PÉTHION DE VILLAR)
Enviado por Francisco Atila Moniz de Aragão em 29/01/2015
Código do texto: T5118061
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