APENAS ESCREVO 28-01
APENAS ESCREVO 28-01
De repente num por do sol tudo mudou,
Ter o meu quarto deixou de importar...
As plantas na sacada são espinhosas,
Como ando me tornando pelo tempo...
Queria ter alguém, mas a idade caleja,
Com o calo vem o medo do sofrimento...
O gato hoje é apenas um gato que mia,
Lambe e unha para obter mais atenção...
A cadela tirou a roupa de dragão voador
E apenas uma shistzu deficiente e bela...
Eu não sou poeta e nem mesmo escritor,
Fui sonhador num passado, mas hoje...
Hoje vivo de pesadelos e de medos profundos,
Queria me lançar da sacada sem paraquedas
Voar na fração de segundo de tocar o chão
E cada andar que passar sorrir para a vida,
Pois sei que acabei enganando-a direitinho
Assim como sempre fui enganado por crer...
Crer, acreditar, confiar, desejar... Verbos!
Verbos que foram pontos em cruz em mim,
Pontos no tecido de minha alma de fantasma.
Hoje me sinto solitário como um vírus letal,
Como o ultimo tigre da malásia que morreu,
Como um tapajó que acredita no sonho ainda
Queria perder o medo e apenas ousar a crer,
Mas o verbo machuca como adaga afiada e mata.
Então num desespero solitário com um gato preto
E uma cadela branca. Eu apenas escrevo...
André Zanarella 28-01-2015