Picareta
Picareta que sou, engano o mundo,
E roubo na vida os corações vazios.
Guardo escondido no quarto dos fundos,
A caixa de meus arrependimentos tardios.
Escavo com os pés a areia da praia.
Marco a vida com o toque dos dedos.
Fantasio o amor em arranjos de alfaia.
E vivo a verdade do amor de folguedos.
Sou picareta sim, infelizmente!
E engano com ar inconseqüente.
Tudo que eu quero que seja meu.
Mas a verdade é que o picareta é triste.
E a única fugaz certeza que existe
É que o mais enganado sou eu.
IGOR TENÓRIO LEITE
28/03/05