RUGAS E RUSGAS

Já não sou criança, veja minhas rugas

Que se acumulam no canto de cada olho.

Veja este corpo troncho que minh'alma aluga:

Se me tirarem os óculos, eu fico zarolho...

Melhor seria ter evitado rusgas,

Optado por mais privações que me imponho?

Diante do que me emputece, do que me suga

Deveria ter posto minhas barbas de molho?

Nem sempre se pode optar por fugas,

A dura realidade desmente nosso sonho.

Se pisam os meus calos, minhas verrugas,

Eu me reciclo, eu me viro, eu me encolho.

O tempo que trago enobrece minhas rugas,

Me faz mais seletivo nos caminhos que escolho.