PÂNICO
Na noite de olhos deveras escuros
A lua brilha pelas frinchas do quarto
E fico atônito, e me cubro, e me despedaço
Derribado pelo medo do que não escuto.
Silêncio sinistro evoca o assobio dos ventos
Que uivam qual lobo faminto do cerrado
E eu trêmulo a cuspir terror e cercado
Pela agonia ululante, semântica do sofrimento.
No esvoaçar das cortinas, um relâmpago clareia
E sinto no ribombar dos trovões em minhas veias
A tontura de um pânico sedento de magia...
Sentença lúgubre me deixa tétrico o ambiente,
É alimento que vulcaniza um corpo reticente
Tombado à cama pelo pavor hediondo da ventania!
De Ivan de Oliveira Melo