PÂNICO

Na noite de olhos deveras escuros

A lua brilha pelas frinchas do quarto

E fico atônito, e me cubro, e me despedaço

Derribado pelo medo do que não escuto.

Silêncio sinistro evoca o assobio dos ventos

Que uivam qual lobo faminto do cerrado

E eu trêmulo a cuspir terror e cercado

Pela agonia ululante, semântica do sofrimento.

No esvoaçar das cortinas, um relâmpago clareia

E sinto no ribombar dos trovões em minhas veias

A tontura de um pânico sedento de magia...

Sentença lúgubre me deixa tétrico o ambiente,

É alimento que vulcaniza um corpo reticente

Tombado à cama pelo pavor hediondo da ventania!

De Ivan de Oliveira Melo

Ivan Melo
Enviado por Ivan Melo em 28/01/2015
Código do texto: T5116687
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