Do Ventre da Terra
No ventre da terra
o segredo qu’eu busco,
feito sal e mercúrio
embebido em lambrusco;
a vertigem da origem
do espírito justo,
que repousa entranhado,
erudito e vetusto.
No ventre da terra
o gérmen da vida,
e a luz que é sentida
é o amor recompondo
o devaneio eloquente,
vasto e soberano,
d’onde o lábaro soergue
o brasão de mil anos.
No ventre da terra
as eras estão retidas
em seus fósseis antigos,
resquícios d’outras vidas
que passaram depressa
deixando marcas profundas,
hoje apenas lembranças
de outrora, ciranda oriunda.