ZIGUEZAGUEANDO
Às vezes...
Passo só por acaso,
Qual a brisa dum ocaso.
Não há passo em mim calculado...
Sopro qual resposta escondida
Que jamais será ouvida...
Meu lamento é para o vento
Que sempre passa ao relento
Obrigado a passar.
Se eu passo qual o Bem-te-vi
Finjo só que nada vi.
Mordo os lábios contundentes
Então, acalmo a minha mente
E absorvo o que aprendi.
Às vezes...
passo sem ser notada
Pela complexa jornada.
É que o tempo não dá trégua,
Sem compasso e sem régua
Passo a passo, castigada.
Entendo que há muita gente
Gente igual e diferente
Gente tentando existir.
Gente de toda idade!
Gente que passa sem vontade
Gente que passa a persistir.
Tantas vidas malfadadas
Que eu lhes passo atordoada
Pela telas que não escolhi.
É quando eu passo urgente
E qual tufão a soprar de repente...
Forte, também passo a resistir.
Mas sem nada destruir.
Há vezes que passo qual folha.
Também passo sem planejar
Meu roteiro de sobrevoar...
Muito menos o de pousar!
Eu deslizo em zigue-zague
A passar por toda folhagem
Das primaveras invernais,
Quando plano observo o tudo!
Tangencio qualquer absurdo
Desses céus tão abissais!
Em fração de vão segundo
Tudo e o nada a passar.
E se passo apaixonada
Só rapidamente abobada,
Sou passante arrazoada
Do direito de passar...
O de sorrir e de chorar.
Passa o tudo e nada passa!
Qual aeroplano na vidraça
Sem a rota de chegar.
E nessa passagem de planos
Passa até meu desengano
Do engano de passar...
Como a passarada repassa
Sem chegada e sem ter fim:
Sou só zigue-zague de mim.