[Poema adentro]
O poema é um labirinto nalgum lugar de mim:
quando o adentro, sei que estou só
e disponho de um sei quanto de fio —
não sei se vou sair, se vou escapar ileso
[mas quem é que sai ileso de um poema?].
Passo a espessura da penumbra da entrada,
tenho numa mão a fraca vela da razão,
e na outra — às vezes, só às vezes — eu levo
a tocha brilhante de alguma dúbia sensação:
o mais vezes, recebo a ordem de escrever
e sem ter noção clara da origem da emoção,
adentro o poema, lanço-me no escuro —
as próprias palavras abrirão caminho!
Agora, poema adentro, eu sinto
a pura alegria que me traz
a suave fruição de ser livre, livre...
Estou à solta na minha ambiguidade!
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[Desterro, 21 de janeiro de 2015]