MIRTES E A ORDEM DO VENTRE
OS ANÉIS VIVOS
 
 
O quarto de lua
Descobre o vazio
Deixado no anteontem
Vestido pra ser
A cisma dos avetureiros
Dos arqueiros
De flechas sem rumo
Das vozes passadas
Que não tinham
Mais lugar no Alíem
Sol por espelho
Retrai vibrante
No salão mármore
De uma única cor
Vistosa
Parecendo ardósia
Reluzente
Transfigurava
Os passos lentos
Da sombra do
Que sempre está presente
Mesmo distante
Respira os informes
Dissecados
Dos corpos que andam
E vagam por perto
D’onde paira
Repousando
A Deusa-mãe
Uma esfera planetária
Única num cosmos
Brilhante no templo
Foge aos destinos
Que andam selados
Em toda parte
A troiana-liberta
Retorna do vale
E das sombras
De todo interior
Das montanhas
as quedas livres
presas nas entranhas
Ouviu um lamento
Querendo ouvir
O ouro de contento
Da sábia-lunar
O ãncião permissivo
E sua fome
Cospem um dessabor
Ousou desafiar o séquito
Sabe do mérito
Que tinha escondido
Das terras que ia
Buscar seu alimento
As ninfas dos terrenos
Entre as vítimas
Do seu veneno
que jaziam depois meninas
perdidas
descobertas ao léu
num véu de frio
sem lar
pelas raptoras do vale
guerreiras
que matam a sede
de vida do abuso
“prolem sine matre creatam”
Mão aos céus
Mais uma sina
Que vai longe
Dar outros frutos
Ao pomar da Ordem
onde é permitido
ser livre
sem sentir
quem vive ao redor
“a mesa posta das uvas
no talhe ungido de sangue
pra não haver fuga
do que se sente por sorte
aos olhos despertos
da coruja”
tragam o espectro
uivante de toda morte
que caminha pelo vale
dizendo frases
ao vento
pra que caia sementes
e faça brotar
o trote do cavalo-da-noite
traz recados
pueris deixados
como fonte
era o turvo maldito
nas águas
vertidas do oráculo
de Lilith
aquilo que não permite
tem um segredo
singular
haviam dedos anelares
marcados
em dois ou mais terrenos
olhos morenos
na entrada ocular
o derrepente no ágora
que solicita vigilância
entregas cintilantes
estátuas de barro
querendo sobreviver
ao fogo e a chuva
não caíram a frente
da nova dama da coorte
saíram pelo bosque
correndo da noite
que não tarda vir
deixaram um perfume
ácido no caminho
vertendo rios claros
o amargo não é um
medo de morte
é antes uma vontade
de aliança
foram buscar quem
conhece a passagem
foram atrás
do Consorte.