DESEJO MALDITO
Maldito, mil vezes maldito, maldito
Desejo esse que me consome, consome
Tal qual cerimônia pagã, digna de um rito
Cuja sedução não há alimento capaz de saciar a fome
Deus, Deus meu, liberta-me das correntes
Laços dos sentidos que me atam ao corpo desejado
Cujo o bater, o soar, o tilintar dos tridentes
Alertaram sobre a volúpia que meus olhos viram e me fizeram condenado
Não há no céu, não há na Terra, nem no inferno
Algo que aplaque a ira, o furor, da minha vontade em ter, sentir, possuir
Ou deleitar, ludibriar que seja, esse tormento interno
Que dilacera minha alma retira os fragmentos e faz mina força se esvair
Se pudesse ao menos tocar, apalpar, abocanhar
Moveria forças de todo universo, desafiaria leis
E me entregaria ao objeto desejado sem medo de me resguardar
Ninguém entende, ou compreende, o sofrimento que me arrasta a perdição, nem vocês