Minha velha figueira

Minha velha figueira
lá no fundo do cerrado
foi minha mãe quem plantou
no dia em que eu nasci
hoje eu sento em sua sombra
pra relembrar o passado
que tanto marcou minha vida
com coisas boas que eu jamais esqueci

minha velha figueira
você é tão velha quanto eu
e também sentes o peso da idade
e as marcas que o tempo deixou
mas a natureza comigo foi generosa
até um companheiro ela me deu
um João de Barro que para minha alegria
lá no alto da figueira sua casa construiu

minha velha figueira
já não me sinto tão sozinho
tenho tua sombra e o João de Barro
pra me fazer companhia
meus filhos hoje estão longe de mim
e muito pouco eles aparecem aqui
dizem que isto aqui não e lugar
pra quem gosta de viver com alegria

minha velha figueira
eles esqueceram que foi neste cerrado
que eles nasceram e cresceram para o mundo
e foi este cerrado que deu o que hoje eles tem
graças ao cabo de uma enxada
e duas mãos calejadas pelo trabalho
no cultivo da terra que eles vivem a ignorar
sai o alimento que eles consomem

minha velha figueira
tenho você e o João de Barro
mais um bando de filhotes que me trazem alegria
em cada amanhecer de minha vida
sinto saudades dos meus filhos
mas, sei que eles estão muito bem
e só Deus sabe o quanto eu rezo por eles
e por você minha mãe querida


Balneário dos Prazeres: 02/06/2007