MIRTES ENTRE OUTROS CONTOS
O APELIDO 
DA PAIXÃO
 
 
Não vestia o senual
Delicado
Porque queria
Ser vista apenas
Pelos espelhos
Nos olhos
Espelhos de vidros
Vitrines expostas
Nas ruas
Ela andava nua
Disposta a se entregar
Num canteiro
Onde houvesse
Temperos
E uma macieeira
De frutos suculentos
O violento debruçado
Sobre suas costas
Lhe oferecendo
Toda fruta
Pra ser comida por inteira
Era o recado
Colhido de amargura
Por ter deixado ir
Embora
Quem queria sua sorte
mendiga
E as amigas encopadas
Vendendo beijos
P’ros comparsas
Da noite
Que abrigam cansaços
Servem bebidas
Sem gosto
Todas as cores
São copos vazios
Há um frio
Que não é visto
Dentro do mito
De ser a mesma
Que a mesma
Interessa
Ao mesmo que
Mesmo sabendo
Desiste e se cala
Não deixa marcas
Bordadas no corpo
Apenas um sopro
Velado
Na transa do quarto
E um “agora”
Sem lado
Que possa ver outro
E se sentir
Como ele a fez sentir-se
Tão mulher
Que mulher era
Toda coragem
Que se esvaiu
Descobre o frio
Que foi servido
Na mesa das alegorias
E as alegrias
Facas cortando
Água que desce
Pelo corpo
Pulsando
Antes queria ele dentro
Vibrando
Do que qualquer
Outra forma fantasma
De sonho
Uivando sozinho...