Fome de Palavra

Essa falsa paz que esgana meu peito,

Fala sob olhar voraz a meu respeito.

Sobre coisas que não fiz ou deixei de fazer,

Me acusa de uma dor que não sei sofrer.

Esse ar corrompido pelo choro falso,

É o mesmo desatino, descalço.

Caminhando nas campinas verdejantes,

Nas louras relvas dançantes,

do amanhecer em meio alvorada.

É carbono que me trava as veias,

É pura lagrima acumulada e feia,

Sem forma, toda descompassada.

Esse pensar aturdido em minha cabeça,

É loucura, talvez não a que você conheça.

Surgida de uma pequena fissura,

Ao pé de uma palavra de puro sentido,

Gritada em pranto ao meu ouvido,

Ganhando sanidade num mundo enlouquecido,

Buscando notoriedade do povo escolhido.

Acalma-se em mim agora,

Como num sopro foi-se embora.

E só, mais uma vez eu me deixo aqui

Ao sabor do que vivi, no sabor do que eu vi.

Alimentado por minha fome de palavra.

Alexandre Rodrigues de Lima
Enviado por Alexandre Rodrigues de Lima em 22/01/2015
Reeditado em 14/02/2015
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