MIRTES E A ORDEM DO VENTRE
O SEXTO
 
Ladrilhos escritos
N’ um desenho
Que ignora tempo
Passagens de dias
Séculos das sábias
Linhas entre cores
Formam mosaicos
Espelho do Alíem
Quem vem  caminhar
Entre os castiçais
De perfumes doces
Da antiga formosa
Creta
O que secreta suores
Do medo
E das agrúrias
Descobre mais
Do que sabia
Mesmo sendo tudo
ainda segredo
As troianas aguardam
Sua vantagem
As raptoras do vale
Clamam
Por uma verdade
De destino
Que não tenha
O mesmo fim
O novo patamar
Que a deusa-ânfíbia
Sonha
Ainda dorme com ela
Na espera
Da vespertina brilhosa
no horizonte do vale
mudar seu rumo
Há um deserto protetor
Preparam os olhos
Da rainha
De toda Ordem
O odor do betume
Salgado
Deixado pela horda
Que ainda queima
Solidões
Vaga pela
Criptas-morten
Cinzas que ofuscam
Vertigens de tempo
machucam
há um desassossêgo
No altar
Que é belo
Pela influência
Da mestra-flor
Que desabrocha
Em veneno
O frio corre
Dentro da alma
O que afasta todos
Da calma irônica
É um sintoma
virulento
Havia dois outros
Mortais vivendo
Nos olhos-âmagos
De Lilith
Escuros rubis letais
Rubro sinal
Do que vela
Antes de matar
Abre-se ao limiar
Da coorte
Que se pressente
De vestígios deixados
Por outros
Na história
Calados
O que vive no vale
Sem calda
Quem se esconde
No tempo
Fantasma do abismo
O calor no portal
De Niferús
Tem brasas reluzentes
Pedindo sacrifício
A troiana-liberta
No corcel negro
Avista o longo rio
Corrente
Descido das montanhas
Há uma” vertente”
Que deixa se esconder
A dor partuente
No culto de ida
De Dévora
Não era dor de perda
Da arteira em ato
Lilith pressentia
“O que nasce
Pra desafiar
Longe
Precisa crescer
Nos poentes
Porque a luz do dia
Não tem fome”...