(RICHEPIN)

TEREZA RIMA

Dentro do teu orgulho, assim como um leão

Dentro do seu covil, tranca-te ferozmente;

Se grande queres ser, foge da multidão!

Quem se mistura à plebe - o axioma não mente -

Há de se transformar num asno ou num palhaço

Da canalha ao mangual curvado eternamente.

Dentro da multidão faltam-nos ar e espaço...

Os eleitos do azul - os bardos e os amantes -

Gostam da solidão que não tolhe o passo.

Das gemas a mais rara - o rei dos diamantes -

É a que o joalheiro um solitário chama

E com ela remata os cetros deslumbrantes:

Atirai-a, porém, dentro do mar que brama

Ao lôbrego vai-vem, dos rudes vagalhões

Que resolvem à toa pérolas e a lama,

Essa pedra de luz que val tantos milhões,

Que faz inveja à estrela e é da terra o orgulho,

Perderá para sempre a alma dos seus clarões

E arredondar-se-á como um vil pedregulho!...

1899.

DR. EGAS MONIZ BARRETO DE ARAGÃO (PÉTHION DE VILLAR)
Enviado por Francisco Atila Moniz de Aragão em 21/01/2015
Código do texto: T5109272
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