TÃO LONGE, TÃO PERTO
Na luz encontrei a escuridão
Na vitória, o fracasso
No convívio, a solidão
Sozinho no quarto, o abraço
Nos encontros, me perdia
Na confusão, tateava um caminho
Com vazios, eu me enchia
Em meio às vozes, andava sozinho
À frente, o passado eu via
No passado, o futuro havia nascido
O velho, eu olhava com espanto
No novo eu só via o antigo
No luxo, vi o espelho da miséria
Na matéria, vi a alma perecer
No rasteiro, vi o que a vida tinha de séria
Nas alturas, vi cabeças a se perder
Meio às alegrias, eu em prantos
Na luz dos bem intencionados
O diabo a tecer
Nos vis profanos e desvalidos
eu via santos
Na pia do banheiro, o firmamento
a escorrer
E longe, tão longe eu estava
Do lugar de onde vim
Inconsolavelmente perdido no mundo
Inevitável, insuportavelmente tão perto
de mim