[O norte do Inferno]
Sou um cético, sempre fui;
duvidar, inquirir, suspeitar até,
sempre foi a minha profissão:
o onde do qual provenho
não acende de claras razões
o poste apagado à minha frente.
Jamais poderia eu achar-me,
se já nasci sem norte.
O gavião que me sobrevoa
grita alto na espera de mim.
Onde, aonde... sem norte vim,
e sem norte eu hei de partir;
o Inferno é um cone sem fundo!
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[Desterro, 19 de janeiro de 2015]