O homi

O Homi

Um dia um homi teve aqui, uns diz que era loiro dos oio azule, agora já tão dizendo que era mulato do nariz reganhado, eu não sei dizê se tá certo ou errado, só sei que pra mim ele não tem cô. Acredito que ele tá no rio, na terra, ité no mar, muitas veiz eu sinto ele num cantá dum passarim, já encontrei ele nus oio de um mendigo, e tamém na inocência de um menino. Acho que ele é anssim, tá nas coisa boa, mais não foge das ruim. No mundo tem muitos lugá deferente, tem lugá onde quase num chove, e o sor queima a pele da gente, mais tamém tem uns lugá que num para de nevá e é frio como sorvete, tem diserto, que é um lugá cheio de areia e a chuva quase nunca cai por lá. Mim contaram que tem ité uma cidade dentro d’água, nisso eu prefiro num acreditá, afinar nóis num é pexe, num lugá desse nóis ia era afogá. Um compade meu, disse que é verdade é numa tar de Veneza, que fica lá nas Oropa. Já pensaram o tanto de coisa deferente que tem nesse mundo, e papai do céu que num é besta nem nada, fez seus fio de acordo com sua morada, já pensaram um branquelo iguar que eu no disertó? Ia virá churrasco por certo. Mais Deus nus feiz de suas cria, as mais inteligente, coisa que as veiz eu fico a duvidá, porque num intendo tanta mardade que hoje no mundo vive a prosperá, criamo as guerra, as doença e escravisemo nosso semelhante e anssim tudo foi mudando, os povo foi se misturando, os mais forte, os mais fraco veve exprorando, e anssim criaram essa coisa, chamada preconceito, onde dizem que um homi é mió que o outro, mais no fim vamo virá pó do mesmo jeito, a única deferença é a bondade que carreguemos dentro dos peito, e diante do nosso criadô, não existe raça, religião ou cô. Por isso meu amigo, preste muita atenção no que lhe digo: ocê pode se decepcioná, e aí não sei como vai se expricá, quando no céu chegá, isso se ocê fo pra lá, e Deus tivé na pele, a cô que ocê veve a discriminá.

Poema de Orlando Jr.