quando as tardes não passavam
Por acaso, por esses dias
por essas casas,
caminhando entre
tudo que já quis,
deparei-me com esquinas
distintas,
com lembranças distantes,
tempos em que eu não desaparecia
deserto,
em que o aqui nem existia
e os becos e fantasmas
das meias-tardes
não seguiam meus passos
nem riam dos meus choros,
que eram apenas do sangue
ensolarado nas pedras do meu mundo.
No ocaso, aqueci
meus olhos nas cores opacas
dos "recuerdos" de si,
e ali mesmo derramei os acordes
secos da saudade própria.
O caso é que, foi coincidência
encontrar comigo mesmo
naquele pedaço de vida concretado,
enquanto os gritos marretavam
os impulsos que me trouxeram
até hoje, sob os ecos surdos
a sumir no abismo ósseo-férreo
que ainda resiste,
porque medo,
medo é coisa de gente grande.
Com o passar dos muitos passados,
circunferências naufragas
de restos e possibilidades
cercando o eu-ilha inabitável,
há consagrado o artifício de fugir
e, desde toda lembrança que sou,
estou, estive,
acho que me esqueci.