CEMITÉRIOS
( CHOPPIN - Prélude XVII)
"Mulher meu coração é como um cemitério..."
Luiz Murat
Meu coração é como cemitério
Cheio de cruzes, cheio de chorões,
Onde se quebra o funeral mistério,
A voz do pranto e das recordações;
Goulos vorazes, pálidas visões,
À noite fazem dele o seu império,
Fossando as minhas mortas ilusões,
Mal assombrando esse lugar tão sério!...
Quantas venturas, quantas ideais,
Neste meu coração dantes risonho,
Não enterrei silenciosamente!...
Hoje, porém, se o desespero traz
Inda o cadáver d'algum velho sonho,
Badala um verso lúgubre e dolente...
1895.