CEMITÉRIOS

( CHOPPIN - Prélude XVII)

"Mulher meu coração é como um cemitério..."

Luiz Murat

Meu coração é como cemitério

Cheio de cruzes, cheio de chorões,

Onde se quebra o funeral mistério,

A voz do pranto e das recordações;

Goulos vorazes, pálidas visões,

À noite fazem dele o seu império,

Fossando as minhas mortas ilusões,

Mal assombrando esse lugar tão sério!...

Quantas venturas, quantas ideais,

Neste meu coração dantes risonho,

Não enterrei silenciosamente!...

Hoje, porém, se o desespero traz

Inda o cadáver d'algum velho sonho,

Badala um verso lúgubre e dolente...

1895.

DR. EGAS MONIZ BARRETO DE ARAGÃO (PÉTHION DE VILLAR)
Enviado por Francisco Atila Moniz de Aragão em 19/01/2015
Código do texto: T5106436
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