Dia de sol em Mar Tristonho

Tudo na vida é um templo

que cada um constrói

possuído do seu próprio tijolo,

não há engenho em nada disso,

somente a obra acabada da existência.

O Albatroz voa sobre o oceano

como peixes aéreos,

dele tudo que se sabe

habita nosso imaginário

como o carteiro que carrega cartas.

No quarto sem luz

uma vela sobre a mesa

denuncia um corpo nu sobre a cama,

a pele lânguida e branca e lisa

se contorce de desejos secretos;

o encontro não será possível,

e fica apenas a lágrima no lençol.

O dia seguinte não trará boas novas

o evangelho não anuncia alegria.

O tempo, impassível e inescrupuloso,

seguirá seu rumo

como o barco levado pelas ondas,

todas elas guiadas por Netuno,

levará às profundezas aqueles homens;

o silêncio deles se juntará aos peixes.

Do cais as pessoas ouvem o grunhido das gaivotas,

os peixes em cardume

se juntam para a batalha,

e sem que ouça o aviso

os Albatrozes põe fim ao espetáculo.

E o carteiro entrega a carta esperada.