Passageiros Avulsos!

Sentou a bolacha na boca,

Mordeu com fé & gosto até a língua,

Bateu o patê de alcaparras no pé do estômago,

Soltou um grito delirante, copa,

Água batendo até a tampa, olheiras,

Catou o sono de atravessado, uivando,

Tamborilando as folhas sobre o seio nu,

Afrescos largados para montar mais tarde,

Beliscões de marmelada para o chá,

De cadeira esperando a boa hora, esperas,

Fila de espera, chá congelando, bolachas,

Bocas sedentas, sequiosas, semânticas,

Empalados de frango, sexo afrodisíaco,

Ficou chorando depois de anos de recusas,

Agora não adianta salgar a janta, fominha,

Reclamou tanto da fumaça, carbonizou o bife,

Sentou outra bolacha, outra boca,

Depois de tanto morder, rangendo os dentes,

Ficou de embrulho, a pé, sem eira, nem beira,

Tirou da tomada a corrente, frios quentes,

Faltou o pão, o vinho, horas de carinho,

Construiu uma parede & dormiu só,

A solidão que não viu o tempo passar!

Peixão89

Peixão
Enviado por Peixão em 02/06/2007
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