Passageiros Avulsos!
Sentou a bolacha na boca,
Mordeu com fé & gosto até a língua,
Bateu o patê de alcaparras no pé do estômago,
Soltou um grito delirante, copa,
Água batendo até a tampa, olheiras,
Catou o sono de atravessado, uivando,
Tamborilando as folhas sobre o seio nu,
Afrescos largados para montar mais tarde,
Beliscões de marmelada para o chá,
De cadeira esperando a boa hora, esperas,
Fila de espera, chá congelando, bolachas,
Bocas sedentas, sequiosas, semânticas,
Empalados de frango, sexo afrodisíaco,
Ficou chorando depois de anos de recusas,
Agora não adianta salgar a janta, fominha,
Reclamou tanto da fumaça, carbonizou o bife,
Sentou outra bolacha, outra boca,
Depois de tanto morder, rangendo os dentes,
Ficou de embrulho, a pé, sem eira, nem beira,
Tirou da tomada a corrente, frios quentes,
Faltou o pão, o vinho, horas de carinho,
Construiu uma parede & dormiu só,
A solidão que não viu o tempo passar!
Peixão89