ANDORINHA SEM VERÃO
Perdida de mim, mas comigo,
ando procurando abrigo,
pelas ruas que palmilho
noite a dentro, alvoradas...
Tristonha estou, e cansada,
pois não acho mais o trilho
pelo qual passava o bonde,
não sei onde ele se esconde.
Eu nele me aboletava,
ria por tudo e por nada.
O barulho me amedronta,
e caminho meio tonta,
nesta floresta em festa
pra qual não fui convidada.
Pobre amor o meu, que eu tinha,
que alimentei com paixão,
cheguei ao final da linha,
sou, agora, uma andorinha,
que anda no mundo sozinha,
sem ninguém, e sem verão.
. . .
Andorinha que zanzas tanto
eu também ando sem rumo
seria meu maior encanto
amassar-te até dar sumo...
eu também ando sem rumo
seria meu maior encanto
amassar-te até dar sumo...
Quando vejo uma andorinha
Penso logo em liberdade
Adianta ficar sozinha?
Se já passei da idade?
Penso logo em liberdade
Adianta ficar sozinha?
Se já passei da idade?