Às traças
Às traças
Nada mais brota de teu peito mármoreo
e em teu jardim dormem, caídas, as pétalas;
há imperfeições nas cobiçadas rosas;
há no teu céu, sem espectro, noites sem cores,
anjos sem esplendores e com as asas falidas...
Nos becos não há nada além do que é lixo
e o acre cheiro de sujo...
Flechas enguiçadas à garganta e que só soçobram a alma.
Na lama, a poesia morta e insepulta é tudo que ainda sobra...
Diante de tais escombros ainda uma chance de graça;
e do papel-sepulcro aonde as tuas sombras pousam,
descem à gaveta pra jazerem ao esquecimento,
que sem decoro, fazem a alegria das traças.
Beto Acioli
16/01/2015