MUITO ME DÓI POR DENTRO

Casas antigas e abandonadas

Doem-me por dentro.

Não entendo bem o que me causam,

sofro pela vida que nelas houvera,

antes que partissem seus moradores.

Penso nos alpendres que, por certo,

exibiam vasos primaveris

e nos olhos das janelas

atrás das cortinas.

Chego a ouvir as cantigas de mães

entre as cotidianas paredes

e o burburinho de crianças no terraço.

As vidraças fechadas,

o ferrolho nas portas

silenciam a vida de outrora.

Na memória, cessa o ruído

das máquinas de costuras

que preparavam vestes para as festas

e cerziam vidas em desalinho.

Quintais escondem calçadas

sob o mato crescido, sem os passos

que levavam e traziam sonhos.

Tudo é cor de solidão

e o abandono das casas

muito me dói por dentro.

Dalva Molina Mansano

15.01.2015

20:45

Dalva Molina Mansano
Enviado por Dalva Molina Mansano em 15/01/2015
Reeditado em 16/01/2015
Código do texto: T5103054
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