Matilde

Matilde passou no obelisco.

Olhava o bruto clarão

do oceano nas longarinas

de beira-parágrafo,

olhava o coalho de miçangas

no extremo céu ensimesmado.

O carmesim dançava a

pedido do pêndulo aquático.

Matilde lambia o pincel canoro,

linguagens escarlates.

Matilde salivava o recorte inteiro

(continha o engenho em linha)

cobria o botão embutido súber:

a imperatriz alaranjada.

Matilde aliterava violenta

Esperava a voz-marfim tonta

de tez e vidro, Matilde atenta

era negra orixada beiçuda

colou tempero no azul-película

da sombra que passava

passarinho enfezado.

O dia acorda e lampeja

em Matilde.

pó, estampa Virgo

na fuselagem da carne.

Heitor de Lima
Enviado por Heitor de Lima em 13/01/2015
Código do texto: T5100794
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