Desvio De Verbo Público [Versos Alheios]
[Átomo]
Aviso aos incautos:
Não pensem alto... Não passo dum poeta espúrio!
Extravio até minúcias,
Falácia, balbucia... Interjeição, murmúrio.
Mascaro minhas orelhas de moucas,
E tiro as palavras da tua boca... Na calada.
Coloco tudo no prego,
Devo, devo não nego... Essas conversas fiadas.
Edito ditos populares,
Se os propalares... Te acuso de plágio.
Ideias eu copio,
Me aproprio... Das gírias, jargões, adágios.
Não dispenso comentários,
Pelo contrário... Os arquivos.
Máximas, slogans, frases feitas,
São ingredientes da receita... Pra eu escrever meu livro.
Os distraídos fazem adendos,
Papos furados remendo... Linha após linha.
Conversa jogada fora eu acho,
Compilo e assino embaixo... E digo que são minhas.
[Naddo Ferreira]
Caminho pelas ruas sempre atento a minha volta
Sou mais um na multidão
Ouvido apurado, voltado em todas as direções
Capto no ar emoções, tantas menções em momentos raríssimos
Sou calculista, minucioso, discretíssimo...
Mas sou réu confesso, “larápio” de versos alheios.
Sem receios!
Furto sorrisos e gestos, furto lágrimas e medo,
Furto tristezas e alegrias, furto sonhos e até segredos.
Depois devolvo tudo em forma de poesia
Confessando por escrito meu pecado poético:
__Ladrão de versos alheios!
Versos dramáticos, líricos, reflexivos...
Carregados das emoções que vivo e vejo alguém viver.
E, certo de que serei absolvido, continuo a escrever.
Continuo a escrever.