Merdocracia

Hoje é domingo de sol

Seria de praia e diletante pachorra

Não fosse de eleição

Já fui votar

Não por consciência,

mas, por que podem se apossar do meu salário,

em rito ordinário

Cansei da televisão!!!

As noticias são requentadas com cores gastas e muita empáfia

Pra dizer o sempre mesmo ramerrão,

simulando em vozes empostadas uma pretensa isenção

Como disseram anos atrás: eu sou eleitor patrão

Meu patronato dura um dia

Depois vem a expiação

Dizem que eu não sei escolher candidato

Que se me colocarem pra cuidar de duas tartarugas

uma foge e a outra eu não sei onde está

Que entre a marmita azeda e o pão duro

Escamoteio a minha opinião (ou a que eu penso que é minha)

Entre Jesus e o ladrão

Escolho o mais fanfarrão

Depois de presenciar uma campanha funesta

Muitas ofensas debalde

O texto decorado, viciado e sufocante

Vomitado junto com os vossos cinismos

e a dialética dos parvos

Ambos, sabendo da minha leseira, me prometem o paraíso

Mas, espera aí, pergunta pra quem tem um pingo de juízo

Vão me dar o paraíso?

E as contas quem paga?

E quem vai pagar o condomínio, o IPTU,

o laudêmio, o prejuízo?

Hoje foi um domingo de sol

A praia vai ficar pra outro dia

Sequestraram o meu sonho de ócio

Impingindo-me esta merdocracia