FALAR DO AMOR DESAPEGA AS AMARRAS DO QUE SERIA JUSTO.

Falar do amor arrepia, faz a alma se desprender de si mesma

deixa o vão do peito escancarado, deixa a pele menos ardida.

Falar do amor entrincheira feridas antigas e as que virão,

faz o tempo gargalhar feito bebê diante do peito estourando de leite.

Falar do amor é esperto, traduz cada lufada de vento esquecido

e servil.

Falar do amor destila a fome, descama a saudade,

respinga flocos de alecrim por todo canto.

Falar do amor é divino, faz esquecer as veias entupidas que

tanto nos fizeram ranger, tanto nos fizeram morrer.

Falar do amor tonteia, destrona os pingos de fumaça que teimarem

em nos apregoar.

Falar do amor é raso, absurdamente escasso e soberbamente

fugaz.

Quem fala do amor relembra os vãos bastardos de cada sonho

capenga que vier nos socorrer, ou nos chutar pro mundo.

Quem fala do amor revende seus ossos por mixaria qualquer,

encurva as pregas do coração feito grito falido e mofado.

Falar do amor desapega as amarras do que seria justo,

do que seria farto, do que seria fardo.

Fale do amor com suas ancas mais bizarras, com seus olhos mais

estranhos, com sua voz mais tardia.

Fale do amor sempre, mesmo que suas câimbras insistam em

cortejar o que aparecer pela frente.

Assim, só assim, tudo vale a pena. Simplesmente tudo.

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Oscar Silbiger
Enviado por Oscar Silbiger em 10/01/2015
Reeditado em 10/01/2015
Código do texto: T5097051
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