DEUS VAI PEGAR SUA TROUXA E SUMIR DE VEZ.

Ser humano é criatura vil

implacável, absurdamente falho.

Todo amor que diz cultivar, alimentar, amamentar,

é refugo opaco da sua natureza mesquinha, puída, capenga,

sem gosto, sem nada.

Ser humano faz tudo ancorado pelo interesse

seu sangue só corre empurrado por intenções dúbias,

dantescas, deportadas do que seria a luz, do que seria o certo.

Essa criatura bizarra, atônita nas suas próprias rachaduras,

que desconhece o abraço de gratidão,

que foge das ancas da generosidade,

que sai correndo diante de qualquer pedaço de amor

é o que restou dessa casta manca chamada humanidade.

Pode-se quer pensar que não é bem assim

que alguns laços feitos são sinceros

que existem fagulhas de sinceridade em alguns passos,

em alguns carinhos, em algum olhar.

Mais pura balela.

A humanidade deixou pra trás, bem lá atrás

quaisquer vestígios de solidariedade que poderia gerar.

O que restou dessa fuzarca enlouquecida

é um vazio infinito e um pesar que não terá mais fim.

Acho que dessa vez nem dilúvio dará conta.

Acho que dessa vez até Deus terá que reconhecer que errou na receita,

pegar sua trouxa e sumir de vez.

Para nunca mais dar as caras por essas tristes bandas. Nunca mais mesmo.

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