Phóbos et dementia

Conflito em Gaza já matou 392 crianças, diz Unicef

Outras 2.502 crianças ficaram feridas desde o inicio da ofensiva de Israel

Órgão da ONU estima que 370 mil menores precisem de ajuda

(Fonte: G1 - Mundo)

Será que o homem não cansa

da desesperança,

de fazer sempre o mesmo gesto

em direção à guerra insana,

forjada nos gabinetes,

cheia de ódios e estigmas,

misto de insanidade e ganância?

Será que nunca viu ou ao menos ouviu

o riso e o canto das crianças voltando para casa?

Hoje doem os caminhos amedrontados pela impiedade

E mesmo assim há um Deus resoluto e intemente

clamado pelas forças daqui,

invocado pelas forças de lá,

ameno como a fonte que molha as terras antigas

e dá de beber à sina e ao fogo divagante

A guerra, castelo do medo

calado e doloroso,

mistério estéril onde a palavra plange

e soluça sobre a poça de sangue

A guerra,

infensa e sem trégua,

negra em seus dois minutos de ódio

serve a quem, Senhor?

A morte alicia-lhe os dedos

que apertam o gatilho,

que pressionam o botão...

o míssil rasga o céu

aonde a noite se debruará de estrelas

O vento vermelho transporta a escuridão

A intolerância sacode as manhãs

úmidas do sangue maniqueísta

Povo de Israel

Povo da Palestina

No ar ardem o grito e a angústia

Arde a treva imersa em dor, loucura

e delírios de poder

Somos todos um povo só

Um sonho latente

Enquanto a estultice da guerra caminha

gemendo intangível,

vertendo sangue quente de entre as areias

calcinadas da intolerância

A guerra tem gosto de terra entumecida de sangue

A guerra é inexplicável

e a vida é esta monotonia besta

onde o sonho fraterno é palavra aflita

e a ternura é degredo,

é segredo indizível,

é o único sentido quando surge a noite

envolta em rumores de explosões

e o ar respira as lembranças da infância

onde mora um rei desnudo,

moram um grito e o fogo,

e o destino joga as cinco pedrinhas

nos jardins azinhavrados de um castelo de lata

E da acre lágrima a criança inventa o sonho de um novo dia

Assim como inventa a sempre cálida primavera

a se colher nos campos

apascentada pela poesia

a sede de um mundo maior que o homem

e um tempo sem hora e sem medo

e o amor fulgindo da neblina das manhãs

e onde só havia agonia e opressão

vicejará a paz e a vida

por que reconheço em ti meu irmão

e tu reconheces em mim teu irmão

e neste encontro far-se-á uma única Nação

feita de Vida e Liberdade

E a paz se dirá nas ruas

e se fará nas almas,

subirá ao cume das montanhas

e no silêncio das palavras

e na eloquência de um gesto de amor

entoará hinos e loas à compaixão

e todos saberão dizer do mantra da paz,

e as crianças, então, farão do mundo

um clamor ávido de sonhos e fantasia

e cantarão a sua alegria

e valerá a pena ver nascer um novo dia