as portas
anjo de luz acorde!
madrugada a dentro
acorde!
mentiras gostam de nos guiar
e o delírio me assombra
vire a chave
livre
abra essa porta
agora
há tanto lá fora
e tão pouco aqui dentro
consumimos tudo
nada mais resta
era pouco e maldito
tão pouco e maldito
esse medo grotesco que te persegue
esse meu discurso discreto que transpareço
que quase me esqueço que é verão
é verão
e está quente lá fora
vamos
está quente lá fora
otimista
otimista
você entende?
falo sozinha
e não quero que me respondam
eu não quero que me assombrem
eu imploro
mas não quero ouvir
eu insisto
eu insisto
por instinto...
deveria eu ser mais compreensiva?
e esquecer as lacunas?
devo eu imaginar os porquês?
e acreditar em tudo que não vejo?
devo eu entrar nessa corrida?
mesmo sem saber pra onde correr?
e me bate o desespero
devo eu acreditar em fatos desconhecidos?
queime em fogo baixo
tempere com enxofre
não deixe marinar
não deixe marinar
navegue em rios rasos
e depois venha me ensinar
deixe o seu coração despedaçar
e as grandes ideias surgirem...
e se roubar o ouro de mãos limpas
não tens o direito de cantar
não tens o direito de cantar sob luz alguma
recuse os palcos
fuja dos palcos
e da vergonha
se isole no alto
se esconda
se esconda
uma porta se abriu
muito tempo atras
e por ela passa um vento frio
com cheiro de lavanda
uma piada sem graça que foi esquecida
um canto escuro da casa
"ela pode se transformar"
ela deveria partir
ela deveria partir
ir
ela pode invocar
e ela chama sem pedir
eles entram pela porta
a porta aberta
por causa da chave
que não destruí
anjo de luz acorde
tens agora minha atenção
anjo de luz sei que me ouves
eu já não sei mais o que sentir
ela pode roubar do mundo o fogo
da morte a foice
de todos a vida
de todos a vida
ela pode transgredir
anjo de luz
venha de novo como um sopro
venha
e traga o sandman e me faça dormir
siga a ordem
e me faça sonhar
me faça sonhar
essa noite...
e quando sair feche a porta
feche a porta...
as portas
a percepção
essas portas
por favor feche as...