[Medo das Emoções]
Posso pensar em várias emoções inúteis,
aquelas que apenas desacontecem em nada —
a vertigem diante da passagem da beleza súbita;
o trepasse da lança de gelo de um olhar que repudia;
as trêmulas mãos ávidas, mas o toque impossível;
os saltos do coração durante a queda no escuro;
as palpitação das veias tensas pelos desejos escapados;
a angústia pela desistência de ir;
e talvez a pior dessas trivialidades:
a absurda sensação da fuga do momento
de um encontro que se perdeu...
Não podemos evitar essas emoções,
mas será que devemos temê-las?
Faz tempo, faz muito tempo
que deixei de temer as minhas emoções —
terei aprendido a arte do apaziguamento?
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[Desterro, 08 de janeiro de 2015]