Sina Sertaneja

Sina Sertaneja

Quando era ainda criança, lá no sertão, minha vida era alegre, não tinha muita ambição, gostava de tira leite, e amansa cavalo bravo era minha vocação, nóis morava numa fazenda pertin de Guaxima, é lá tinha muito o que fazê, mais o bom mesmo era domingo, vestia meu terno de linho, que mamãe passava com muito carinho, e na praça da matriz, me tornava, mesmo sendo anarfabeto, um doutô. A noitinha tinha muita cantoria, e namoro com as muié. Tinha Sabastião, que era um baita criolão, que gostava de ri e tira bicho do pé, e tamem Serafim, que apesá de magrim era valente como um garnisé, e Arfredão, esse era de daná, gostava mesmo era de bilhá, mais meu mió amigo com certeza era Gerardin, apesá deu sê empregado e ele fio do patrão, me tratava sem fazê diferenciação, e nóis dois na hora do meu reposo, corríamo junto, pelos campo verde daquele lugá, mas o tempo foi passando e o destino traiçoeiro aos poucos foi nos separando, meu amigo foi pra capitar, pois o pai dele que tamém era o patrão, queria o fio formado, com diproma de doutô na mão, durante arguns mês ele vinha na fazenda passeá, mas na capitar, outros amigo distanciaram nois dois, ité a amizade acabá, me lembro bem, que no dia dele parti, rancô da cinta um trinta, e entregando pra mim, disse anssim: "guarde esse presente, ele um dia pode te sarva, mas só use ele se a sirtuação justificá". O tempo passou e daquela arma meu corpo nunca se afastó, me tornei um vaqueiro muito respeitado, valorizado pelos fazendeiro, tudo que era comitiva, eu sempre era o primeiro a se convidado, e anssim conheci toda Minas Gerais, e o grande estado de Goiás, Cuiabá no Mato Grosso e muitas outra capitar, levando e trazendo gado por esse Brasir sem fim. Mas jamais pensei que minha sina fosse tão ruim. Dispois de entregá uma manada de nelore, daqueles bem bravim, cansados pela poeira da estrada, resorvemo ali memo fazê pousada, e quando a noite chegô, em vorta do fogo todos nóis se ajuntô, Pratiadim, cabocro bão de laço, que na viola tamém era afinadim, embalô umas moda, que cantando nóis varemo a noite afim, mais logo antes do raiá do sor, deitado sobre uma lã de carneiro, senti pelo baruio no chão que se aproximava uma tropa de alazão, e anssim com meus zói pude notá que era uns cinco, e pelas arma na mão, pensei: è poliça ou ladrão, mais pelas máscara na cara fiquei com a segunda opção. Pela entrega da boiada minha guaiaca de carga tava cheia de dinheiro, dinheiro do fazendeiro que confio seus boi pra mim, e nesses tantos ano, tinha feito fama que não podia deixa morre ali, e antes de termina meus pensamento, anssim como o vento pulei com trinta na mão e num só gorpe deixei dois no chão, Sabastião, que era meu companheiro a muitos verão, era rápido com uma faca, e na pontaria não fazia feio não, aqueles homi por certo não fizeram boa opção, pois entre nóis só tinha cabocro decidido e no trinta não perdia pra ninguém não. Entre nóis, Pratiadin, levou um tiro, que doeu mas no coração pois nele só pegô de raspão, mas acertô em cheio sua viola, que era sua maió paxão. Logo dispois um dos companheiro, montô num animar e foi pra cidade chama o delegado e arguem pra medicá, quando a captura chegô o tenente que comandava apiou do seu cavalo e um a um dos companheiro, ele fez um lisonjeio, dispois os polícia pediu pra ajuda e na carroça os corpo colocá. Nesse momento meu coração do peito quase saiu, minhas mão começaram a tremê, e dos meus oio, coisa que era raro, duas lágrima vi escorrê, pois deitado sobre seu sangue frio, tava meu amigo, que foi pra cidade se formá. minha dô ainda foi maió, quando o doutô me oiando disse anssim: "Meus parabéns rapaz, pois o que deu fim nesse ladrão, foi esse trinta, que ocê usó com muita razão".

Poema de Orlando Jr.

orlando junior
Enviado por orlando junior em 01/06/2007
Código do texto: T509440
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