Rugas
Certamente eu nunca havia reparado
Quando me chamaram de tia pela primeira vez.
Eu não ouvi por certo, nenhuma voz me chamando sem ser.
As vezes quem sabe, perceberia dentre uma penteada ou outra
um fio branco e rebelde, escapando do alinhamento do penteado.
Entre uma conversa e outra citei a antiga palavra,
"antigamente".
Talvez quem sabe quando o tempo esfriasse,
minha perna doía, para me alertar que o frio viria certamente.
Um corretivo ou outro, sempre caía bem, para neutralizar a olheira
Que ousava olhar por baixo dos meus olhos.
Mas depois disso tudo, num dia de domingo, ou numa terça quem sabe
Olhei no espelho e vi claramente uma delas em minha face.
Há algum tempo, que não vai muito distante, nunca ousou me mostrar.
Estava lá fria e nítida, imponente sob meus olhos,
E no outro talvez nos cantos, já se fazia um pé
De uma ave pequena, mas quem diria então,
Chamar de pé de galinha, aquele velho jargão
Aceitei não tive jeito, de encarar aquele teste
Ousava a todo instante me dizer que
De lá pra cá ficaria presente,
Calma gente!
Agora já conformada, faço graça com a danada
Que de uma não tem nada,
e sim várias espalhadas no canto dos meus olhos.
Mas pelo menos posso dizer
batendo no peito quem sabe
Que minha vida eu vivi
e consegui envelhecer.
Que bom!
"A vida bem aproveitada é uma chama que seguramos sem queimar a mão"