Morre-se

Morrer...?

Morre-se todos os dias

Outra vez

Outras vezes

Em campos desabitados

No longo nada da estrada

Entre as sombras do Tempo

Insano prisioneiro das horas

Relógios apregoando ilusão

Morre-se, agora

Sonhando mundos difusos,

Loucos, utópicos, confusos

Sonhando lugares sem nome

Sem contornos

Sem passos a percorrê-los

Sem cores, sem luz, sem adornos

Apenas imagens de sal,

Inauditas

Solitárias

Morrer...?

Morre-se todos os dias

Morre-se em todas as cores

Morre-se de todas as dores

Morre-se, mais raramente,

de alegria,

De quimeras e fantasias

Morre-se!!!

Morre-se todo os dias

De tristeza,

Medo

E degredo

Morre-se obscuro

Em segredo

De testemunha somente um cão

Morre-se do gotejar da vida

Do son(h)o de todos os dias

De apatia

Amor/desamor

Solidão

De delírios

Utopia

Paixão

Agonia

Vozes na noite

Inquieta

Agônica

Morre-se porque morrer

É o que há depois do jardim

De ilusões e apegos

Morre-se porque morrer

É o imanente renascer no fim