" SPLEEN " ( XLIII)

AO LELIS PIEDADE.

EU NÃO CREIO NO AMOR! TODA FÔFA ESTÉTICA,

DE HIPERBOLES SENIS, DE FRASES INDISCRETAS

QUE HOJE ATÉ CAUSA RISO À GENTE MAIS DISPÉPTICA

E INDA SERVE DE CAPA À ASNEIRA DOS POETAS;

TODA ESTA BIMBALHADA ESTÓLIDA DE PRANTOS,

QUE TRANSFIGURA A MESA EM CHAFARIZ ETERNO

E FAZ DE CADA O TIPO DOS ENCANTOS,

TORNANDO O METRO AZÊDO `DE SER TERNO;

TUDO ISTO, NESTE FIM DE SÉC'LO, EM QUE CADA ALMA

TEM POR FAROL O GOZO E POR DEUS O DINHEIRO,

E O JUDEU ROTHSCHILD O MUNDO INTEIRO ESPALMA;

TUDO ISTO VALE E PROVA O QUE EU JÁ DISSE.

CHEIO DE UM CEPTICISMO INTENSO E VERDADEIRO:

O VERSO É UM BIBELÔ, O AMOR UMA TOLICE.

OUTUBRO DE 1893.

LIRA MODERNA - DIÁRIO DE NOTÍCIAS.