CANTIGA DE IR EMBORA
Teu português é teu corpo,
maculado triste e só,
rodeado de pessoas
sem ninguém ao seu redor.
Teu sorriso negro e fosco
ludibriando teu rosto
deixa um tanto pressuposto
que és digna de dó.
A aparência te norteia
porque correm em tua veia
os holofotes e a fama,
por isso nunca reluz
se iludindo que ama.
Tanta farsa é um pavor
nunca tem um grande amor
tendo um homem em sua cama.
Teu choro é sempre calado
abandonado em um canto
que condena o passado
de um futuro em desencanto.
Enquanto teu próprio ser
dissimula, finge e chora,
teus segredos todos sabem,
dos teus sonhos renitentes,
da solidão residente
que aos poucos te devora,
das eternas idas e vindas
nas cantigas de ir embora.
Saulo Campos - Itabira MG