CANTIGA DE IR EMBORA

Teu português é teu corpo,

maculado triste e só,

rodeado de pessoas

sem ninguém ao seu redor.

Teu sorriso negro e fosco

ludibriando teu rosto

deixa um tanto pressuposto

que és digna de dó.

A aparência te norteia

porque correm em tua veia

os holofotes e a fama,

por isso nunca reluz

se iludindo que ama.

Tanta farsa é um pavor

nunca tem um grande amor

tendo um homem em sua cama.

Teu choro é sempre calado

abandonado em um canto

que condena o passado

de um futuro em desencanto.

Enquanto teu próprio ser

dissimula, finge e chora,

teus segredos todos sabem,

dos teus sonhos renitentes,

da solidão residente

que aos poucos te devora,

das eternas idas e vindas

nas cantigas de ir embora.

Saulo Campos - Itabira MG

Saulo Campos
Enviado por Saulo Campos em 07/01/2015
Reeditado em 07/01/2015
Código do texto: T5093479
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